domingo, 27 de janeiro de 2013

Porta principal da boate Kiss estava trancada na hora do incêndio, afirma comandante dos Bombeiros Já DJ da casa afirmou que o trancamento durou apenas cinco segundos: 'Quando gritaram fogo eles abriram' Pneumologista diz que asfixia pode matar em cinco minutos.



Vários motivos contribuíram para o incêndio que matou mais de 230 jovens na boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul. A banda usou material inflamável durante sua apresentação, na madrugada deste domingo, e seguranças mantiveram a porta principal trancada no início das chamas. Além disso, o estabelecimento estava com o plano de prevenção contra incêndio vencido desde agosto do ano passado.
No final da manhã, o comandante geral do Corpo de Bombeiros do Rio Grande do Sul, coronel Guido Pedroso de Melo, afirmou que a porta principal da boate Kiss estava trancada na hora do incêndio.
De acordo com o jornal “Zero Hora”, jovens que conseguiram escapar da casa noturna relataram às autoridades que, no momento do fogo, seguranças teriam tentado impedir a saída das pessoas, porque acreditavam que a agitação das pessoas para sair da boate tinha como intenção evitar a cobrança. A Polícia Civil disse que vai investigar as denúncias.
— Grande parte dos mortos estavam amontoados perto da saída. A maioria morreu por asfixia. Lamentavelmente, as pessoas ficaram confinadas porque a saída principal estava trancada — disse Guido ao canal “GloboNews”.
O estudante de medicina Murilo De Toledo Tiecher, 26 anos, contou ao "Zero Hora" que os seguranças não entenderam o que estava acontecendo e tentaram barrar a saída dos jovens que estavam na festa.

— A gente gritou 'tá pegando fogo, tá pegando fogo', mas o segurança abriu os braços e estava tentando manter a porta fechada. Uns cinco ou seis caras derrubaram o segurança e colocaram a porta abaixo. Foi a única saída — disse ao jornal.
Em seu perfil no Facebook, o jovem complementou: "Eu fui uns dos 50 primeiros a sair, no inicio do tumulto tentaram segurar as portas com os seguranças e manter as pessoas ali pra que nao saíssem da boate! Não sei se pensavam que era uma briga e não queriam que saíssem sem pagar (...)".
Já Lucas Cauduro Peranzoni, 31 anos, o Dj Bolinha, afirma que não houve trancamento da saída por parte dos seguranças.
— Todo mundo estava se empurrando. Respirei aquela fumaça e fiquei tonto. Caí na porta e os seguranças, me puxaram para fora. Não houve trancamento da porta. Foi uma contenção de cinco segundos, e quando gritaram que era fogo eles abriram.

Plano de prevenção contra incêndios vencido
A danceteria Kiss estava com o Plano de Prevenção e Controle de Incêndios vencido desde agosto de 2012. A informação, disponível no site do jornal "Zero Hora", é do subcomandante-geral da Brigada Militar, o coronel Altair Cunha.
— Os proprietários tinham pedido renovação do PPCI, mas ela ainda não foi concedida. É normal que se permita o funcionamento, enquanto espera a fiscalização verificar o novo plano, já que eles tinham um plano anterior aprovado — explica Altair.
O coronel confirma que a entrada e a saída da danceteria eram uma só. Ele diz que, apesar disso, o funcionamento pode ser autorizado quando os proprietários do estabelecimento comprovam que a largura dessas vias de acesso é suficiente para deixar passar um grande número de pessoas, o que seria o caso da Kiss.

— Tem de checar agora outras coisas: se as portas foram abertas na hora da confusão, como deveriam. Se os extintores funcionaram e assim por diante — ressalta o subcomandante da BM.

Testemunhos colhidos pela Polícia Civil indicam que as portas de saída não estavam totalmente abertas, na hora em que o incêndio começou a se propagar. Por isso, muita gente teria buscado refúgio nos banheiros, onde acabou morrendo por asfixia ou pisoteada.
Asfixia
A asfixia por confinamento, causa alegada da morte das mais de 200 pessoas na bote Kiss, pode matar em até cinco minutos. Segundo a pneumologista Margareth Dalcolmo, pela falta de saídas de saída de emergência e pela quantidade de material sintético, a boate era uma ratoeira.
— Essas boates, como a maioria dos ambientes, têm quantidade grande de material sintético, como plástico, isopor e substâncias que têm composição completamente não natural. Um ambiente fechado, sem ventilação, sem entrada de oxigênio e grande emissão de moléculas particuladas, é altamente letal — explicou.
A morte, nessas circunstâncias, pode ocorrer em três a cinco minutos, dependendo da concentração de moléculas particuladas que penetram nos pulmões.
— O que mata é a partícula invisível, aquelas partículas muito pequenas decorrentes da combustão de substâncias sintéticas. Isso, somado a um ambiente sem oxigênio, fez com que as pessoas entrassem num estado de narcose, em que a pessoa não consegue andar, não consegue fugir. As pessoas morrem porque não tem saída no lugar, ficam em pânico - completa a pneumologista que, há 11 anos, atendeu as crianças vítimas no incêndio no estúdio do programa Xuxa Park, no Rio de Janeiro. A diferença entre os dois casos, segundo ela, foi o tempo de permanência das pessoas no local.
— Lá não morreu ninguém porque a retirada das pessoas foi muito rápida, havia saídas de emergência.. O tempo é muito curto para salvar uma vida — completa.


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