Bem que eu queria que 2016 fosse um ano melhor que 2015. Mas, cá entre nós, eu não tenho muitas esperanças de que isso possa acontecer. Meus motivos são básicos. Sinto-me enjaulada por conta dos problemas de segurança. Se saio à rua, estou fadada a pisar em bosta de cachorro (cães comunitários, como chamou-os o vampiro Serra em seu tucanês afiado), ou então ser atropelada por motos, ônibus, carros em geral. Ir ao banco, nem pensar. A famosa saidinha de banco já é institucional. E que ninguém fique esperando no carro pois corre duplo risco.
A miséria está aí, mas poucos se dão conta dela. Ninguém sabe o que fazer com a turma do crack e muito menos com os pobres índios que vão sendo assassinados pelos grandes para lhes tomarem terras. A ciência esbarra em doidos que são defensores dos animais cobaias e da busca desenfreada de votos, uma vez que destruir laboratórios legalíssimos virou para alguns uma bandeira afetiva de política. As chuvas continuam provocando desbarrancamentos, mortes e milhares de desabrigados. Mas temos recursos para promover uma Copa do Mundo pois os brasileiros tem a bola na cabeça em vez de massa encefálica.
Ler livros? Isso já era. As pessoas querem tablets para dizer que tem um tablet e que sabem ver figuras bonitas. Fomos burrificados pelos signos da Internet e agora há uma nova lingua, vc me entende? Um sinal ou uma abreviação podem transferir um sentimento completo a qualquer pessoa.
Ferrovias, onde estão? E a distribuição de águas nos terrenos áridos nordestinos? Casas próprias, onde serão construidas para dar moradia aos Sem-Teto? Não sei o que foi que fizeram, mas projetaram e edificaram um conjunto de prédios do Cingapura (Maluf, claro!) em cima de um lixão que, agora, ameaça explodir e levar todo mundo aos ares. Dá para imaginar sobre sua casa uma chuva de intestinos, pernas, cabeças, braços, pulmões e outros orgãos mais?
Neste país polícia mata tanto quanto bandidos, e aprenderam técnicas de seviciar que até Deus duvida. Falando em Deus, alguns mais ousados se apropriaram dele e dizem-se cristãos como se essa fosse a única possibilidade de salvação. Há até quem venda terrenos no paraíso e leve o dinheiro dos crédulos todos para casa. Na verdade, eles se tornaram um mix de político safado com vendilhões do templo. Pobre Cristo, já revirou os olhos e pisoteou a túnica dezenas de vezes. É por isso que eu digo Salve 2015. Salve, aqui tem o sentido da verdadeira salvação, da criação do juízo perfeito para governantes e governados.
Para mim, não quero nada a não ser saúde, que durante 2015 andou bastante abalada. Mas, o que é ter saúde abalada num país onde se pisa nos velhos? Onde todos são considerados gagás? Onde os jovens mandam a gente fazer tricô e não encher o saco de sua suprema sapiência sobre as coisas do mundo?
Por isso, eu digo, a todos do Universo e a cada um em particular: Salvem 2016 para que possamos vivê-lo com mais paz e sabedoria
