quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Consórcio QGI desiste das plataformas P-75 e P-77 em Rio Grande Diante das condições atuais seria inviável para a empresa cumprir o contrato com a Petrobras. Com a decisão, cerca de quatro mil postos de trabalho deixam de ser criados; Veja também o caso do E.B.R em São José do Norte.

Por: Juliana Sanchesjuliana@diariopopular.com.br 



Petrobras . e as incerteza do polo naval.







As incertezas que rondam o Polo Naval agora ganham um capítulo dramático. O consórcio formado pelas empresas Queiroz Galvão e Iesa (QGI Brasil) desistiu da montagem e integração dos módulos de duas plataformas da Petrobras: a P-75 e P-77. Inclusive a estatal já foi notificada por meio de carta, no último dia 6. O argumento é que diante das condições atuais seria inviável técnica e financeiramente cumprir o contrato. Inclusive as quatro mil contratações programadas para operar nas duas petroleiras já foram suspensas.

O problema é a nova normativa adotada pela estatal que impede a assinatura de aditivos de contrato, limitando o orçamento aos recursos inicialmente previstos na licitação. Entre as empresas fornecedoras do polo, também acendeu o alerta. Embora as informações sejam desencontradas, existem queixas de pagamentos atrasados e desconfiança em relação aos próximos passos das empreiteiras.

Em nota, a Petrobras afirmou que está em dia com suas obrigações contratuais e que os pagamentos de seus compromissos reconhecidos com todas as empresas estão sendo realizados de acordo com a legislação vigente e com o estabelecido em contrato. Em relação às duas plataformas, até o fechamento desta edição a estatal não se pronunciou. Já o consórcio QGI prefere não comentar o assunto.

Crise sem precedentes
Os reflexos da Operação Lava Jato são sentidos há meses pela indústria gaúcha, que sofre com a diminuição no ritmo das obras no Polo Naval de Rio Grande e São José do Norte, além da falta de perspectiva de novos contratos. A preocupação com o futuro da indústria oceânica assombra os investimentos em outros setores da economia local. "Quando o emprego está aquecido todas as categorias se beneficiam, não apenas os metalúrgicos, porque o comércio e outros segmentos tem de pagar mais para competirem com o Polo Naval.

Quando há desemprego em massa, como poderá acontecer, a mão de obra fica barata porque passam a ter centenas de pessoas na disputa por uma vaga de emprego. É o que irá acontecer caso acabem com o Polo Naval", explica o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Rio Grande (Stimmmerg), Benito Gonçalves.

Segundo Gonçalves, cerca de 30 funcionários são demitidos diariamente pelas empresas que operam no Polo. "As empresas justificam que o processo é consequência da saída da P-66, ocorrida no final do ano passado, mas não é esse o motivo. Isso é reflexo destes escândalos envolvendo milhões de reais." Atualmente seis mil funcionários atuam no Polo Naval rio-grandino. No auge das construções das plataformas este número chegou a 24 mil.

Para o presidente, a região não pode abrir mão de um empreendimento que vem trazendo desenvolvimento e milhares de empregos. "Estamos hoje com milhares de trabalhadores desempregados e não podemos aceitar essa situação. Os brasileiros já mostraram que tem competência para construir plataformas de petróleo e todo tipo de embarcação com a mesma qualidade que em qualquer parte do mundo", comenta.

Atualmente em Rio Grande os trabalhadores constroem os cascos da P-69 e P-67. Já em São José do Norte somente o setor da construção civil está em operação no Estaleiro EBR. A montagem dos módulos da P-74 nem iniciou. A petrolífera ainda está em construção no Rio de Janeiro. Quando estiver a pleno, a unidade deve gerar três mil empregos diretos. "Nossa preocupação é que em São José do Norte há trabalho apenas para seis meses", relata. A empresa EBR preferiu não comentar o motivo do atraso. Por meio de nota, informou que não tem autorização da Petrobras para divulgar informações do projeto.

Na semana passada, cerca de cinco mil pessoas da região protestaram em defesa do setor, dos empregos e dos direitos dos trabalhadores. Também ocorreram paralisações no comércio, no transporte coletivo e no trânsito nas principais rodovias de acesso ao município.

Governo intervém
O governador José Ivo Sartori (PMDB) recebeu, no final da manhã de ontem, no Palácio Piratini, o presidente da Força Sindical, Miguel Torres, e o vereador de Porto Alegre e presidente da Força Sindical no Estado, Cláudio Janta. A crise socioeconômica nacional e a demissão de funcionários de refinarias e estaleiros em obras para a Petrobras foram alguns dos assuntos tratados na audiência.

Janta relatou que cerca de sete mil empregados podem ser demitidos em Rio Grande. Para ele, a preocupação gira em torno das famílias dos trabalhadores, que estão desassistidas. Sartori ressaltou que a redução do crescimento econômico e do processo produtivo industrial vai gerar uma situação difícil para estados e municípios, que já deixaram de receber recursos federais importantes.
Reflexos da crise na região
- Valores: R$ 3 bilhões deixarão de ser aplicados em Rio Grande
- Serviço: montagem e integração dos módulos da P-75 e P-77
- Mão de obra: quatro mil trabalhadores deixarão de ser contratados
- Consequência: Diariamente são demitidos cerca de 30 operários nas empresas que atuam no polo
Projetos em andamento
- Estaleiro EBR
Sociedade entre a japonesa Toyo e a brasileira Setal. O estaleiro tem contrato para construir a P-74 no valor de R$ 1,85 bilhão. A EBR investiu R$ 1,2 bilhão no empreendimento implantado em São José do Norte. A previsão era gerar cinco mil empregos diretos e 15 mil indiretos. Por enquanto cerca de 600 operários do Polo Naval trabalham no local.
- Estaleiros Rio Grande 1 e 2
As encomendas são de oito cascos para plataformas e outros três navios-sonda, contratos que somam aproximadamente R$ 15 bilhões. Operado pela Ecovix, empresa controlada pelo Grupo Engevix, este envolvido no escândalo da Petrobras. A P-66 foi entregue no final do ano passado. Conforme informações da empresa a P-67 está 92% concluída e a P-69 tem avanço de 75%, ambas estão no dique. A P-67 deve sair do dique no final de março e, então, entrará a P-70. Já a P-68 que está sendo montada na China com o apoio do ERG está 85% concluída.
- Estaleiro Honório Bicalho
Controlado pela Queiroz Galvão, com participação da Iesa, ambas estão na lista da Petrobras. Os contratos em andamento eram da P-75 e P-77, orçadas em R$ 3 bilhões.

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