Os representantes das 11 instituições que participaram do seminário internacional sobre “O papel do Ministério Publico na investigação criminal", promovido pela Procuradoria-Geral da República, e encerrado nesta terça-feira (12), divulgaram uma "Carta de Brasília", na qual afirmam que retirar os poderes investigatórios do MP na esfera penal "representa desrespeito à essência do modelo construído na Constituição Federal de 1988". A carta foi lida em plenário pela subprocuradora-geral da República Ela Wiecko.
Ainda conforme o texto da manifestação, a retirada do poder de investigação do Ministério Público - objeto da proposta de emenda à Constituição conhecida como a "PEC da impunidade" - representa "grave atentado à cidadania brasileira", já que a participação da instituição na investigação criminal é indispensável ao cumprimento de seu dever constitucional de proteção dos direitos fundamentais de toda a sociedade.
A Carta lembra ainda que o Brasil assinou o Estatuto de Roma que, por sua vez, criou o Tribunal Penal Internacional, optando, no plano internacional, por um modelo de Ministério Público investigativo. Ao vedar o poder investigatório, seriam desrespeitados princípios do direito internacional, e o Brasil ficaria isolado em relação aos demais 120 países signatários do Estatuto.
Assinam a Carta as seguintes instituições: Procuradoria Geral da República (PGR); Movimento do Ministério Público Democrático (MPD); Magistrados Europeus pela Democracia e Liberdades (Medel); Federação de Associações de Juízes para a Democracia da América Latina e Caribe; Colégio de Escolas Superiores do Ministério Público (CDEMP); Colégio Nacional de Ouvidores dos Ministérios Públicos; Colégio Nacional de Procuradores Gerais (CNPG); Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (Conamp); Associação Nacional de Procuradores da República (ANPR); Associação Paulista do Ministério Público (APMP); Ministério Público do Estado de São Paulo (MP/SP); e Escola Superior do Ministério Público de São Paulo (ESMPSP).
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