Na tarde desta quinta-feira, centenas de pescadores fizeram um protesto, em São José do Norte, contra a forma como, segundo eles, está sendo feita a fiscalização da pesca por integrantes do Ibama e da Polícia Ambiental. Munidos de cartazes, nos quais registraram suas reclamações, eles se concentraram na área da rampa de chegada e partida das balsas que transportam veículos na travessia entre São José do Norte e Rio Grande. No local, queimaram pneus e procuraram impedir a movimentação de balsas. A manifestação começou por volta das 13h30min e se estendeu até perto das 16h.
Policiais da Brigada Militar nortense e do Pelotão de Operações Especiais (POE) de Rio Grande foram mobilizados para o local devido à queima de pneus na rampa da balsa e ao impedimento de embarque e desembarque de veículos na embarcação. Conforme o tenente Rodnei Flores, comandante da BM em São José do Norte, a manifestação foi pacífica, porém foi necessária força de apoio para desobstrução da via de acesso à rampa, objetivando o embarque e desembarque de veículos.
Conforme o pescador Rozenir Costa Vianna, 56 anos, a fiscalização está sendo muito agressiva. "Estão ameaçando as pessoas com armas, invadindo galpões, levando redes que não estão sendo usadas na pesca", observou, explicando que a abordagem é hostil e os pescadores só querem trabalhar. A categoria exigiu a presença de um representante do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) no local. O protesto só terminou depois que a chefa de Divisão do Ministério da Pesca em Rio Grande, Miriam Bozzeto, foi até São José do Norte e reuniu-se com eles.
Miriam Bozzeto contou que reuniu-se com uma comissão de pescadores, na Câmara de Vereadores de São José do Norte, ouviu-os e orientou-os a procurarem o Ministério Público Federal (MPF). "Se eles se sentem desrespeitados, o MPF é o órgão que pode auxiliá-los", explicou Miriam. Segundo ela, o superintendente do MPA no RS, Gilmar Coelho, também se colocou à disposição para conversar com o Ibama para verificar o que pode ser feito pela categoria. "Ouvimos as reclamações dos pescadores e orientamos o caminho correto a seguir", relatou ela.
Rozenir Costa Vianna falou que ainda ontem, após a manifestação, um documento estava sendo elaborado, denunciando o que classifica como "abuso de autoridade", para ser levado hoje ao MPF em Rio Grande.
Contraponto
O chefe do Escritório Regional do Ibama, com sede em Rio Grande, Vinícius Otávio Benoit Costa, nega que a fiscalização seja agressiva. Ele diz que os agentes do Ibama e integrantes da Polícia Ambiental agem sempre com muito respeito aos pescadores nas abordagens, inclusive quando fazem encaminhamentos à Polícia Federal ou autuações. Sobre o armamento, diz que é para segurança pessoal dos agentes e policiais e que "não é apontado para as pessoas abordadas"
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