Petista histórico, o ex-governador gaúcho Olívio Dutra vem se destacando como um dos principais críticos do seu partido. Dias atrás afirmou que José Genoino (SP) errou ao assumir a vaga de deputado na Câmara após ter sido condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Também disse que o mensalão se deveu a um conjunto de erros cometidos pelo partido.
Agora, em entrevista ao jornal Brasil de Fato, ele volta à carga, com mais críticas ao mensalão e ao processo de inflexão conservadora que teria ocorrido no interior da legenda. Segundo o ex-governador e ex-ministro das Cidades, em nome da governabilidade o PT deixou de levar adiante seu programa.
Eis algumas questões abordadas pelo petista na entrevista:
Governabilidade – “Acabamos contemporizando sob a alegação da governabilidade, tendo que construir uma maioria não programática no Congresso, tanto no primeiro quanto no segundo governo do Lula, e até mesmo agora. Mesmo havendo coragem para enfrentar os desafios de um país tão grande e com desigualdades imensas, esta maioria não programática sempre puxou para baixo a execução de um programa que enfrentasse com radicalidade situações de desigualdade que penalizam milhões de brasileiros.”Dívida – “Estamos devendo muito ao povo brasileiro, mesmo que tenhamos conquistados direitos sociais, melhor distribuição da renda, oportunidade de emprego e trabalho regular. Mas não fizemos, por exemplo, a reforma agrária com a radicalidade necessária.”Reformas – “Com a maioria que constituímos, não fizemos nenhuma das reformas fundamentais do Estado… Não mexemos na estrutura deste Estado, que continua sendo uma cidadela dos grandes interesses econômicos e culturais.”Mensalão – “As instâncias partidárias afrouxaram-se de tal maneira que inclusive tivemos pessoas importantes do PT que cometeram políticas que não se diferenciam das políticas tradicionais que sempre condenamos, sob alegação da governabilidade e essas coisas todas.”Futuro - “O PT jamais poderia ter feito isso (mensalão) mas pode, daqui para frente, se assumir como partido da transformação e não da conciliação.”
Lançado há dez anos, o semanário Brasil de Fato é mantido com o apoio de organizações como o Movimento dos Sem Terra (MST), pastorais sociais da Igreja Católica, Consulta Popular, entre outras. Um de seus conselheiros mais destacados é João Pedro Stédile, líder do MST.
As críticas de Dutra representam o pensamento da ala mais à esquerda do PT. Para ler a entrevista na íntegra basta clicar neste link.
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