A durabilidade de 15 ou no máximo 20 anos para tendências, instituições e até para o regime de governo é uma constante na vida política brasileira. Desde a proclamação da República, no encerrar do século 19, a volatilidade é presente. A própria República foi um golpe e seus proclamadores logo sofreriam outros golpes, com o poder mudando de mãos dentro do próprio grupo. O regime de 1930 durou 15 anos e, quando voltou pela via do voto, Getúlio acabou levado ao suicídio. Sua morte, que teria ocorrido para evitar a deposição, seguiu-se de um período atribulado, onde houve golpe e contragolpe para garantir a posse de Juscelino Kubistchek, que sufocou vários levantes durante seu governo. Jânio renunciou no sétimo mês de governo e Jango, depois de muito contratempo, acabou deposto em 64. O próprio regime de 64 teve de abrir-se para a anistia em 1979, embora resistisse até 85.
A chamada Nova República perdeu sua força junto com o Plano Cruzado, onde Sarney pretendeu acabar com a inflação por decreto. Na sua sequência veio Collor e seu confisco, que acabou no “impeachment”. O vice Itamar Franco, feito presidente, criou o Plano Real e serviu de base para a era FHC, de oito anos, já decorrente do naufrágio do antigo e vanguardista PMDB. A seguir veio Lula, com seus dois mandatos e popularidade nunca antes vista num governante ao encerrar seu período. Tanto que do seio do seu próprio governo nasceu e tornou-se vitoriosa a candidatura de Dilma.
Surgido na esteira do grito por liberdade, na virada dos anos 70/80, o Partido dos Trabalhadores ascendeu e desde 2003, governa o país e exerce o poder sobre os outros partidos que formam sua base de sustentação. É daí que lhe vem um dos maiores problemas: o mensalão. O processo ora em julgamento no Supremo Tribunal Federal apura o denunciado desvio de dinheiro público para a aplicação na compra de votos dos parlamentares da base aliada. Ninguém, em sã consciência, é capaz de, a essa altura, prever quais os reflexos disso tudo para a imagem e o desempenho do partido.
Os acontecimentos na campanha eleitoral de São Paulo, onde o tucano histórico José Serra perde em desempenho, pode representar mais do que seu declínio eleitoral. A leitura correta pode estar no final do prazo de validade do próprio partido, que também enfrenta problemas em outros pontos do país. E o PT, nascido em 80, mas verdadeiramente decolado nos anos 90, também tem de colocar suas barbas de molho em relação à obsolescência política historicamente vivida pelo País. Mais do que as feridas do mensalão, o peso da idade política poderá ser demasiado sobre sua estrutura e torná-lo tão inválido quanto as outras agremiações que já estiveram no poder. Prazo de validade de 15 a 20 anos. Eis a questão...
As forças da sociedade precisam se manter atentas ao inexorável relógio político-institucional do País, que funciona acima de regime, partidos ou ideologia. Quem ignorá-lo, certamente, ficará fora do processo.
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