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sexta-feira, 27 de junho de 2014

Nos bastidores do sequestro do voo 114, o mais longo realizado no regime militar Nos primeiros dias de 1970, ex-marido da presidente Dilma e militantes viraram notícia mundial e ainda falam da Ditadura. Leem que vcs entederam. os fundadores do partido que se dizem ilibados.








Fotos de Arquivo Pessoal






Eram tempos de "Brasil: Ame-o ou deixe-o!". E opositores, perseguidos pela ditadura, sequestravam aviões para fugir do país, boa parte para Cuba — foram 15 casos entre 1969 e 1972. A partir de relatos de tripulantes, sequestradores e passageiros, ZH, em continuação à reportagem publicada no domingo passado, revela os bastidores do mais longo e dramático sequest
Marília Guimarães e um dos filhos, hoje adultos


Aos 24 anos, a professora Marília Guimarães era peça importante na Vanguarda Popular Revolucionária, a VPR, organização armada de extrema esquerda que lutava contra o regime militar naquele final dos anos 1960.
Dona de uma escola com 800 alunos no bairro Coelho Neto, no Rio de Janeiro, ela usava o estabelecimento para reuniões e copiava no mimeógrafo panfletos para o grupo. A situação se complicou muito quando militares invadiram a escola exigindo explicações sobre o equipamento, que dias antes tinha sido escondido na casa de um guerrilheiro, preso em Niterói, em fevereiro de 1969.
Sozinha, com dois meninos de três e dois anos para criar — o marido Fausto Machado Freire, também do movimento, estava preso por se envolver em assaltos —, ela corria o risco de ir para cadeia a qualquer momento. Marília abandonou tudo, fugiu com as crianças para Minas Gerais, onde nascera e tinha parentes, e a decisão da VPR foi de tirar os três do Brasil. Como? Sequestrando um avião no Uruguai, onde tinha aliados e apoio dos Tupamaros, grupo guerrilheiro local.
Mãe e filhos desembarcaram de ônibus em Porto Alegre, vindos de São Paulo, no começo de dezembro de 1969. Marília se hospedou no Hotel São Luiz, depois no Majestic.
— Via o Mario Quintana no café da manhã, mas não me sentia à vontade em falar com ele — recorda.
O destino dela seria decidido em encontros à beira do lago da Redenção, com André, o nome falso de Cláudio Galeno de Magalhães Linhares, primeiro marido da presidente Dilma Rousseff, também integrante do grupo. Galeno era um dos coordenadores no RS da VAR-Palmares — resultado de uma fusão ocorrida meses antes, da VPR com a Colina (Comando de Libertação Nacional).
Das reuniões, também participava James Allen da Luz, o Andrada, guerrilheiro da ala vermelha, a mais radical da VAR-Palmares, que vivia refugiado no Uruguai e comandaria o sequestro. Era a largada da operação que em poucos dias desafiaria o regime militar.
Um Fusca na fuga de Porto Alegre
Em uma madrugada naquele dezembro de 1969, Marília, os dois meninos e Galeno se espremeram com bagagens no banco traseiro de um Fusca, partindo de Porto Alegre para Montevidéu. Sentado à frente, um casal de amigos entregou novos documentos. Na viagem, a professora seria Miriam. Na capital uruguaia, se instalaram em uma pousada.
Foram compradas passagens para o Brasil para Galeno, Marília, as crianças, James, e outros três guerrilheiros: Athos Magno Costa e Silva, Isolde Sommer, a Severina, e Luiz Alberto da Silva, o Conga — o único sem registro nos arquivos policiais e que se juntara ao grupo na última hora. O voo escolhido era o 114, da Cruzeiro do Sul, com partida às 19h32min de 1º de janeiro de 1970. Como o plano foi programado para o meio de um feriadão, a data exata da operação acabou confundindo jornais da época, que chegaram a noticiar que a decolagem havia ocorrido na véspera.
Enquanto os guerrilheiros definiam detalhes da ação naquela manhã de quinta-feira, o piloto de avião Mário Amaral e o colega Hélio Borges curavam em Ipanema, no Rio, uma ressaca da noitada de Réveillon. Até que o telefone deles tocou. Um Caravelle da Cruzeiro que voltaria do Uruguai no começo da noite tinha estragado no aeroporto de Carrasco, e eles teriam de fazer uma viagem de emergência para cumprir a rota do voo 114.
— Estávamos de folga, fui dormir bêbado, lá pelas 4h (do dia 1º). Mas o cara da escala me ligou. Aí, reclamei: porra, e o cara do sobreaviso? — conta Borges.
— Tá doente — respondeu o interlocutor.
Estava abortado o feriadão de Ano-Novo de Amaral, Borges e outros cinco colegas.
— Voltava do enterro da minha sogra quando fui avisado. Fomos só com a roupa do corpo, sem mala, sem nada — lembra o comissário José Omar da Silveira Morais.
O Caravelle, prefixo PP-PDZ, decolou do Galeão às 15h com os sete tripulantes, chegando perto das 18h na capital uruguaia. No saguão do aeroporto de Carrasco, Marília se virara para segurar bolsas com roupas, fraldas, mamadeiras e cuidar dos filhos. Inquietos, os meninos corriam toda vez que uma porta abria em direção ao pátio dos aviões. Prestativo, um policial se apressou em entreter as crianças.
— Uma ironia, ajudando uma pessoa que sequestraria um avião — recorda Marília.
A ordem é ir para Cuba, mas, antes, é preciso parar em Buenos Aires
Embora não existisse detector de metais no aeroporto uruguaio de Carrasco, Marília embarcou apreensiva no Caravelle. Baixinha e magrinha — pesava apenas 42 quilos—, aparentava ser mais obesa. Sob o tubinho, moda naquela época, usava uma bermuda elástica que escondia seis revólveres.
Atrapalhada com bolsas, crianças e bagagens no corredor do avião, Marília aproveitou a confusão para ir ao banheiro, retirar as armas e entregar uma para cada colega. Considerando os sequestradores, eram 26 passageiros — 12 brasileiros e os demais uruguaios, argentinos, dois romenos e um norte-americano.
Os sequestradores se espalharam pelos 64 lugares do Caravelle, quase vazio. Marília, os filhos e Galeno ficaram no meio. James Allen da Luz, o líder, se acomodou na primeira fila. Isolde Sommer e outro sequestrador foram para o fundo. Quatro minutos depois da decolagem, a aeronave ainda inclinada, Nerly Baradel, chefe dos comissários, saudava os passageiros com anúncios de praxe.
— Senhoras e senhores, este é o voo 114 com destino ao Brasil, com escalas em Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro...
Alguém resmungou que o voo original não pararia em Porto Alegre, quando James sacou o revólver e gritou:
— Agora!
Empurrou Nerly e invadiu a cabina, que não ficava trancada. Lá estavam o comandante Mario Amaral, o copiloto Silvio Eduardo de Carvalho Fróes e o segundo oficial Hélio Borges.
— Estava meio sonado e apareceu aquele maluco com um revólver na minha cara, um Smith & Wesson, muito bonito, niquelado, engatilhado. Via as balas no tambor — diz Borges.
James anunciou o sequestro, exigindo que a aeronave fosse para Cuba. O comandante tentou argumentar. Advertiu que o Caravelle só tinha combustível para duas horas e precisaria parar em Porto Alegre para abastecer.
— Brasil, não — gritou James.
A alternativa era Buenos Aires. O piloto reprogramou os controles e avisou:
— Senhores passageiros, fiquem calmos, o avião está sendo sequestrado.
Ao ouvir o alerta, Sofia Ferber, 70 anos à época, desmaiou, caindo ao lado do marido José Ferber, 72 anos. O casal de poloneses naturalizado uruguaio viajava com a filha Sara, 39 anos, para o casamento do outro filho, em São Paulo. No fundo do avião, os comissários Eliete Dias de Carvalho e Ogier Passos Soares também já estavam dominados. Passos ofereceu aos sequestradores cigarros, fósforos, lanche, água, café, bebidas. Tudo estava ao dispor.
— A tensão era grande, e tentamos agradá-los. Sabe-se lá qual seria a reação. Estavam ali para ganhar ou perder — lembra ele.
Os militantes redigiram um manifesto contra a ditadura. Borges deveria descer para reabastecer a aeronave em Buenos Aires e entregar o documento às autoridades locais.
O pedido de pouso em Ezeiza exigia contato com a torre de controle, e os pilotos relataram o que ocorria no aparelho. Com problemas cardíacos, José e Sofia Ferber foram os únicos a descer, separando o casal da filha Sara. O assunto logo chegou à imprensa.
— Avisaram ao mundo inteiro que eu estava no avião com duas crianças. Foi o que salvou as nossas vidas — comenta Marília.
O Caravelle foi abastecido, a contragosto das autoridades argentinas. Mandaram alinhar caminhões na pista para trancar a passagem, mas não conseguiram impedir a decolagem.
Isolde, participante do sequestro, chamava atenção pela beleza  FOTO: Reprodução 
O passageiro secreto
Já era madrugada de sexta-feira, 2 de janeiro de 1970, e o Caravelle se aproximava da pista do aeroporto Cerro Moreno, em Antofagasta, no norte chileno, para o segundo reabastecimento.
Apesar de os pilotos desconhecerem a rota — a Cruzeiro do Sul não voava para o Chile —, a viagem transcorreu sem sobressaltos. Preocupado com a onda de sequestros de aviões, o copiloto Sílvio Eduardo de Carvalho Froés já vinha pegando informações com colegas sobre o caminho para Cuba. E durante o reabastecimento em Buenos Aires, o segundo oficial Hélio Borges tinha ganho um mapa de navegação nos Andes de um profissional da Varig.
Em terra chilena, o clima era de serenidade. O governo socialista de Salvador Allende era simpático às causas dos guerrilheiros brasileiros. Além de combustível, Borges e o comissário José Omar da Silveira Morais puderam descer para pegar comida e jornais.
Mas, dentro do avião, uma passageira, Mary Nôvo (já falecida), explodia de raiva. Ela e o marido, o engenheiro civil Luiz Fernando Nôvo, voltavam para São Paulo depois de alguns dias de férias na Argentina e no Uruguai. E Mary não se conformava com a situação.
— Minha mulher colocou o dedo na cara de um deles e deu uma de mamãe. Disse: "Você é um desgosto para a tua mãe, ela nunca mais vai te ver" — recorda o engenheiro.
Surpresa maior com os passageiros ainda estava por vir: sentado bem à frente, Flávio Macedo Soares, 29 anos, dava início a uma "queima de arquivo". Com um faca de metal, cedida por uma comissária, rasgou um bolsa de lona, lacrada com uma tarja verde e amarela. A todo instante, ia ao banheiro e voltava. A movimentação chamou atenção.
— Perguntei ao Galeno: você acha que esse homem está com dor de barriga? E fomos ao banheiro. O vaso e outros compartimentos estavam todos entupidos de papéis. Não dava para ler. Penso que eram relatórios da Operação Condor. Ele levou o maior susto quando foi descoberto — lembra Marília Guimarães.
Soares, já falecido, era secretário do Ministério das Relações Exteriores. Sua missão: transportar a mala diplomática até o Rio de Janeiro — o meio mais seguro para remessa de documentos oficiais e secretos que não podiam ser despachados pelo correio.
Quando Brasília descobriu que Macedo estava entre os passageiros, o pânico se instalou no Itamaraty, mas em sigilo absoluto. Os temores eram: Soares estava ou não com a mala diplomática? Quem colocaria as mãos nos documentos sigilos, os sequestradores ou os comunistas cubanos? Nos céus dos Andes, Soares enfrentava uma turbulência pessoal.
— O James achava que ele estava a serviço da CIA, que estava armado. Falou ao comandante que iria interrogá-lo e, caso reagisse, seria morto — diz Borges.
A tripulação se desesperou. O secretário do Itamaraty foi revistado e, por sorte, só portava o passaporte vermelho. Depois, com um revólver apontado para o peito, teria sido obrigado a escrever uma carta na qual admitia ter violado a mala diplomática. Em Havana, os documentos rasgados, parte deles sujos de fezes e urina, teriam sido entregues a autoridades locais, que, por sua vez, teriam devolvido os papéis ao secretário do Itamaraty. Ao final do sequestro, o governo brasileiro evitou falar sobre o episódio.
27 horas de medo em Lima
Assim que o trem de pouso tocou o aeroporto Jorge Chávez, em Lima, o Caravelle foi cercado por militares peruanos. A ordem do general Velasco Alvarado, presidente do Peru, era de negociar à exaustão uma rendição, "matando" os sequestradores no cansaço.
A ação dos brasileiros era manchete mundial naquele 3 de janeiro de 1970, e jornalistas, políticos e curiosos correram para o aeroporto. Autorizado a providenciar o reabastecimento do avião, o segundo oficial Hélio Borges desceu com uma carta para entregar a repórteres que se apinhavam na pista.
Mas poucos conseguiram ler a mensagem dos sequestradores porque disputaram o papel aos empurrões e rasgaram o bilhete. Uma das frases dizia que o grupo pertencia à VAR-Palmares e que os dois meninos não eram reféns. Marília, a guerrilheira que fugia para Cuba com os dois filhos — o principal motivo do sequestro do Caravelle—, lembra ter visto faixas de apoio a ela nas janelas do aeroporto. Mas, aos poucos, foram sumindo, enquanto se aproximavam carros militares de combate.
— Era uma praça de guerra. Colocaram uma metralhadora quase encostada na cabina. Queriam bloquear o avião de qualquer jeito. Soube, depois, da preocupação com aquela mala diplomática do Itamaraty, mas, na hora, não liguei um fato a outro — recorda Borges.
Logo que desceu, ele foi chamado para falar com autoridades peruanas, e voltou à aeronave como uma proposta: asilo político para Marília e os filhos. A contrapartida: liberar os reféns, que seriam transferidos para uma aeronave militar.
— Não aceitei. Invadiriam o avião com meus companheiros lá dentro — recorda Marília.
Além das dificuldades diplomáticas, a viagem até Cuba estava ameaçada por um grave problema técnico: uma pane elétrica impedia o acionamento do motor direito e o sistema de refrigeração. As baterias torraram, e o aeroporto não dispunha de equipamento específico para acionar aquele tipo de turbina — Caravelle era um modelo em desuso e já não pousava mais em Lima.
A companhia Avianca trouxe baterias da Colômbia. Eram velhas e não funcionaram. As horas avançavam, e os militantes, cada vez mais impacientes, ameaçavam matar reféns.
— Pedi baterias novas, pelo amor de Deus. Todo mundo puto da cara dentro do avião, nervoso, falando coisas horríveis. Depois de quase um dia de conversa, concordaram em comprar — lembra Borges.
A companhia LAN levou outro equipamento do Chile. Enquanto isso, repórteres e fotógrafos faziam plantão no aeroporto, e alguns sequestradores se exibiam na cabina do Caravelle. Com um cartaz de Che Guevara nas mãos, Athos Magno Costa e Silva afirmava que iriam treinar com guerrilheiros cubanos e celebrar os 10 anos da ascensão de Fidel Castro. Isolde Sommer, a outra mulher do grupo, foi destaque na capa de jornais.
— Ela era uma jovem morena, linda, com as pernas maravilhosas. Vestia uma minissaia estampada, com um palmo de comprimento — lembra o comissário José Omar da Silveira Morais, hoje com 72 anos e morador de Barbacena (MG). Após 27 horas em Lima, o avião seguiu para o Panamá.
No Panamá, plano de invasão assusta comissário
Nada poderia ser pior do que as tenebrosas 27 horas em Lima, mas a parada seguinte do voo, reservava momentos de tensão no Panamá, a última escala antes de Cuba.
Nem os tripulantes nem os sequestradores previram que o ambiente seria tão hostil. Sob forte domínio de Washington, o país estava recheado de militares americanos que controlavam a região do Canal do Panamá, com treinamento de guerrilha e tortura na selva.
A chegada, na manhã de 3 de janeiro de 1970, até que foi tranquila. O Caravelle parou longe do saguão, e os únicos que se aproximaram foram dois funcionários da Shell, em um Jipe, para providenciar o abastecimento.
Como nos outros países, o segundo oficial Hélio Borges desceu com um cartão de crédito da Cruzeiro do Sul para comprar o combustível. Foi quando avistou um homem de terno e gravata, caminhando na direção do veículo. Era um representante da embaixada do Brasil, exigindo que todos desembarcassem.
— Falei que já tinham tentado isso no Peru. Mas voltei ao avião, e a resposta dos sequestradores foi: "Não tem papo, manda ele à merda".
Borges seguiu no Jipe para o hangar da Shell e foi abordado por outro homem falando português, acompanhado de militares e seis soldados panamenhos com fuzis a tiracolo. Era um coronel do Exército:
— Preciso da sua ajuda. Tenho ordens de parar este avião aqui. Como vai ser?
— Ele queria me dar uma pistola 45 para que eu atirasse no primeiro sequestrador que visse dentro do avião. Claro que disse não. Aí ele falou: "Então, vamos mandar comida envenenada ou colocar gás na tubulação de ar". Vai matar muita gente, eu disse — lembra Borges.
Outro oficial brasileiro, indignado, gritou:
— É por causa de um bunda mole como você, que estão sequestrando avião.
Enfurecido, Borges se virou de costas em direção ao galpão de combustíveis. O coronel o agarrou pelo braço e advertiu:
— Faça o que achar melhor, mas antes me diz o teu nome. Fique sabendo que, ao voltar ao Brasil, você vai ver o que é bom pra tosse.
O comissário José Omar da Silveira Morais desceu para buscar refeições e viu marines americanos atrás de árvores, com uma metralhadora com luneta e mira telescópica apontada para a cabine do Caravelle. Um militar teria tentado cooptá-lo, oferecendo uma arma.
— Eu deveria entrar atirando e eles, depois. Como não sabiam quem eram os sequestradores, seria um banho de sangue. Eu seria o primeiro a morrer. É claro que não aceitei — diz Silveira.
Suspeito de ter colaborado com os sequestradores, Silveira foi pressionado no Brasil. Acabou perdendo o emprego dois anos depois. Hoje, luta por indenização. Sempre negou relação com os militantes.
Além de combustível, a aeronave precisava de um lubrificante para turbinas. Funcionários reviraram armários da Shell, folhearam catálogos em busca de um similar, e nada. Para completar, o aeroporto de Tocumen não dispunha de fonte de energia para acionar os motores do Caravelle. Após cinco horas, as turbinas foram acionadas com baterias velhas.
Em Cuba, os papéis se invertem
viagem entre a Cidade do Panamá e Havana durou duas horas e 15 minutos. O tempo todo com luz vermelha piscando no painel da cabine do Caravelle. Quase sem lubrificante, uma das turbinas ameaçava ter uma pane a qualquer instante. A recepção no aeroporto José Martí também estava a cargo de militares. Mas, desta vez, aliados dos sequestradores.
Um grupo de oficiais entrou na aeronave perguntando quem era a mulher com os dois filhos. Carlos Lamarca, um dos chefes do grupo guerrilheiro Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), tinha enviado carta para El Comandante Fidel Castro, pedindo uma atenção especial a Marília Guimarães.
— Cheguei que era um trapo em Havana, quase delirando. Passei a maior parte do tempo (dois dias) sem comer e sem beber com medo de envenenamento. Só molhava os lábios com o que tinha nas mamadeiras das crianças. O sequestro terminaria quando acabasse o leite e a água deles — garante Marília.
— Os sequestradores davam as refeições, aleatoriamente, para pessoas da tripulação e esperavam bastante tempo para comer — lembra o copiloto Sílvio Eduardo de Carvalho Fróes.
Ele, os colegas e os passageiros foram levados pelos militares cubanos em um micro-ônibus para uma sala, também isolada, com sanduíches e refrigerantes.
— Fizeram muitas perguntas, querendo saber qual a tendência política da gente — conta a chefe dos comissários, Nerly Baradel.
O comissário Ogier Passos Soares afirma que, além do interrogatório, ainda foram submetidos à sessão de fotos e coleta de impressões digitais.
— Fotos de frente e de lado, como bandido — lamenta ele.
A alegação era de que a tripulação estava ali clandestinamente, pois não tinha autorização legal para pousar em Cuba. Os sequestradores foram acomodados no Hotel Capri, e os reféns, no Havana Riviera, distantes poucas quadras. Por algum tipo de precaução, foram todos proibidos de sair.
Apesar da liberdade para tomar banho e descansar, a alta carga de estresse impedia os reféns de adormecer.
— Fiquei 60 horas acordado. E, depois que cheguei em casa, também custei a dormir. Em uma situação dessas, você perde a noção do sono, do frio, da fome — conta o copiloto Fróes.
O sequestro tinha acabado, mas a confusão envolvendo o Caravelle iria longe. Além dos problemas mecânicos a serem resolvidos, a aeronave não poderia regressar ao Brasil sem o pagamento de taxas aeroportuárias cubanas — há relatos de que seriam de US$ 20 mil a US$ 50 mil.
Como os militares tinham cortado relações diplomáticas com Cuba em 1964 (reatadas só em 1986), o Brasil precisou pedir ajuda à embaixada da Suíça para desatar os nós.
Em 7 de janeiro de 1970, o Caravelle aterrissou no Galeão, no Rio de Janeiro, depois de uma escala em Porto Rico para dar explicações ao FBI (a Polícia Federal americana), em Manaus e em Brasília.
Em solo brasileiro, todos foram interrogados pela Aeronáutica e proibidos de contar a verdade sobre o sequestro mais dramático da aviação brasileira.

quarta-feira, 29 de maio de 2013

família Moreira acredita estar "acima da lei e da Justiça" por se considerar "melhor do que os simples mortais" — e por colocar a fama, o lucro e o dinheiro à frente dos "princípios de humanidade e solidariedade". Por tudo isso que o mesmo Multou o Empressário Assis Moreira a Pagar 500 mil aos vizinhos.


Ao condenar o empresário Assis Moreira, sua mulher e sua irmã a pagarem R$ 500 mil a um casal de vizinhos, o juiz Alex Gonzalez Custódio, de Porto Alegre, subiu o tom ao redigir a sentença.
Disse que a família Moreira acredita estar "acima da lei e da Justiça" por se considerar "melhor do que os simples mortais" — e por colocar a fama, o lucro e o dinheiro à frente dos "princípios de humanidade e solidariedade". Após analisar um recurso neste mês, a 19ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça gaúcho decidiu, por três votos a zero, manter a condenação imposta pelo juiz Custódio.
>> Leia a íntegra da sentença
O advogado dos Moreira, Sérgio Queiroz, estuda buscar uma reparação do magistrado. Conforme Queiroz, o juiz teria emitido considerações de cunho pessoal, abrindo mão "do equilíbrio e da equidistância" no julgamento.
A controvérsia remonta a maio de 2007, quando o muro que sustentava um aterro no pátio da família Moreira, na zona sul da Capital, veio abaixo. Com o desabamento da parede, uma grande quantidade de entulho e terra teria invadido a casa de trás, onde vive o casal Adriano Ricardo de Carli e Vera Maria Erbes. O incidente, de acordo com laudo técnico anexado ao processo, destruiu paredes, assoalhos, vidraças, jardim, telhado, redes elétrica e telefônica, entre outras estruturas da residência.
No despacho do juiz Custódio, titular do 2º Juizado da Vara Cível do Foro Regional da Tristeza, consta que os Moreira teriam se negado a ressarcir o prejuízo. "Constata-se a desconsideração e o desrespeito que o dinheiro e fama em excesso podem causar em uma pessoa, mesmo com seus vizinhos, em total descaso, mesmo conscientes de que causaram prejuízos a terceiros, necessitando essas pessoas virem a Juízo buscar a satisfação de seus direitos", escreveu o magistrado.
"É tão comum quanto um gari", diz magistrado sobre Assis
Mas o que mais importunou Custódio foi a dificuldade para notificar Assis. Conforme o juiz, não foi a primeira vez que os oficiais de Justiça passaram semanas tentando localizar o empresário, pedindo ajuda de seguranças e tentando acessar o condomínio dos Moreira, sempre sem sucesso. "Os requeridos entendem estarem acima da lei e da Justiça, ocultando-se para não serem citados", afirmou Custódio, para depois se referir especificamente a Assis: "É pessoa tão comum quanto um gari que recolhe os dejetos na frente do fórum! Não é sua condição financeira que determina quando e como ele possa ser citado, intimado ou notificado."
Além do ressarcimento pelos danos materiais, ao entrar com a ação na Justiça, o casal cuja casa foi devastada pediu indenização por danos morais de 200 salários mínimos para cada um. O magistrado não só acatou o pedido como dilatou a reparação para 300 salários mínimos: "Entendo (...) que os valores para servirem de alerta e penalidade à Família Moreira devem em patamares maiores, para que efetivamente possam enxergar mais além da fama e do glamour de seus filhos, bem como para entenderem que devem ser mais zelosos com seu patrimônio, mas especialmente mais zelosos no trato com as pessoas, fazendo-lhes ressaltar que os valores e princípios de humanidade e solidariedade estão acima do lucro, do dinheiro, do patrimônio, da fama pessoal e do glamour."
Como Assis não foi notificado, Custódio determinou que a Defensoria Pública atuasse em sua defesa. No último dia 7, o recurso impetrado no Tribunal de Justiça pela Defensoria foi negado — e Assis, Karla (sua mulher) e Deisi (sua irmã) continuam condenados a pagar, considerando juros e correção monetária, em torno de R$500 mil aos autores da ação.
"Na zona onde moram, se acham acima de tudo"
Entrevista
Alex Gonzalez Custódio, juiz da Vara Cível do Foro Regional da Tristeza

Zero Hora — Em seu despacho, o senhor emite juízo de valor ao se referir à família Moreira. Isso é correto?
Alex Gonzalez Custódio — É sempre uma enorme dificuldade localizar o seu Assis, o seu Ronaldo (o jogador Ronaldinho, irmão de Assis) ou qualquer pessoa da família Moreira. Os oficiais de Justiça são recebidos pelos seguranças, que mandam falar com o advogado, com o Fulano de Tal, e a citação nunca se complementa. Os Moreira precisam ser citados pessoalmente e acabam obstaculizando isso. Já passaram por mim quatro processos que os envolviam. Às vezes, o oficial enxerga a dona Deisi (irmã de Assis, também condenada) ou outra pessoa da família, e ninguém vai recebê-lo.
ZH — O senhor tem algum problema pessoal com Assis ou com alguém da família?
Custódio — De maneira nenhuma. Já conduzi audiência em que o seu Assis estava, e ele foi muito cordial. Mas chegou perguntando "quanto custa?", queria pagar tudo na hora, e as coisas não funcionam assim. Se temos algo contra, é exclusivamente a esses obstáculos para cumprir as citações. É pública e notória a dificuldade para concluir o ato processual quando envolve a família Moreira. Na zona onde moram, se acham acima de tudo, por isso escrevi que é um baronato. Nesse caso do muro que desabou, eles poderiam ter conversado com a outra família, ter resolvido de forma amigável, mas ficam protelando.
ZH — Por que o senhor redige sua sentença de forma tão contundente?
Custódio — Eu redijo a decisão da forma como falo, para que o mais humilde cidadão possa entender com clareza. Não adianta utilizar um juridiquês, um português rebuscado, sem expressar o que de fato está ocorrendo. A gente lamenta, às vezes, por precisar julgar situações que poderiam ser resolvidas no âmbito privado, sem necessidade de chegar ao juízo. É o caso desse processo, que é de 2007. A sociedade cobra, com razão, que a Justiça seja célere. Mas, com essa demora para citar os réus, o processo se arrasta durante anos. Por isso digo que, talvez, a família Moreira se entenda acima da lei e da ordem. Eles tratam algumas questões com desdém.
ZH — O senhor se importaria de revelar se é gremista ou colorado?
Custódio — Sou colorado. Mas não sou fanático. Quando o Grêmio joga a Libertadores ou enfrenta outros times do Brasil, torço pelo Grêmio. Sou bem bairrista, bem gaúcho. Eu queria muito que o Ronaldinho jogasse no Inter, mas isso vai ser bem difícil. Ele joga demais, merecia ter sido convocado pelo Felipão.
CONTRAPONTOS
O que diz Assis Moreira
"Não estou nem sabendo disso. Peço para que entre em contato com o meu advogado. Não vou entrar no mérito da questão, estou em Belo Horizonte, não quero me envolver nisso."
O que diz Sérgio Queiroz, advogado da família Moreira
"Essa notícia só chegou para nós agora, no fim da tarde (de terça-feira), e amanhã(quarta-feira) vamos analisar o processo com calma. Me parece que o magistrado entendeu que Assis estava se furtando à citação e, por isso, designou um defensor público para o processo. Causa-nos estranheza, porque Assis é sempre localizado em todo tipo de processo. Assis nunca se furtou de responder à Justiça, e a prova disso são as inúmeras citações nas quais foi facilmente encontrado.
Ao ler a sentença, é possível ver claramente que o juiz extrapolou a condição de magistrado, lançando considerações de cunho pessoal, certamente com algum rancor ou mágoa, o que não é característico da magistratura gaúcha, sempre equidistante, sempre equilibrada, sempre atenta aos fatos discutidos no processo. Me parece que houve outro episódio, no passado, em que esse mesmo magistrado lançou considerações de natureza pessoal contra Assis. Vamos estudar a busca de uma reparação em relação à postura do magistrado, que precisa de equilíbrio em seus julgamentos.

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Operação Concutare: Polícia Federal pede prorrogação de prisão de 10 suspeitos A Justiça confirmou há pouco que analisa pedido da PF que envolve a manutenção da prisão de Carlos Fernando Niedersberg, de Berfran Rosado e de Luiz Fernando Záchia, entre outros



A Polícia Federal pediu a prorrogação das prisões de 10 suspeitos de integrarem uma rede de corrupção que visa a liberação fraudulenta de licenças ambientais. A Justiça Federal confirmou que houve pedido em relação a 10 suspeitos.
Dos 13 investigados que permanecem recolhidos ao Presídio Central de Porto Alegre, a PF pediu à Justiça Federal que permaneçam presos os dois ex-secretários estaduais de Meio Ambiente Carlos Fernando Niedersberg e Berfran Rosado, o ex-secretário municipal da área, Luis Fernando Záchia, o advogado Giancarlo Tusi Pinto, o servidor da Fundação Estadual de Porteção Ambiental (Fepam) Mattos'Alem Roxo, Lúcio Gonçalves da Silva Junior, consultor ambiental, Bruno José Muller, engenheiro de minas e empresário, Alberto Antonio Muller, servidor do DNPM, Élvio Alberto dos Santos, assessor parlamentar, Vanderlei Antonio Padova, empresário.
Os outros três devem ser libertados automaticamente, já que hoje se encerra o prazo da prisão temporária de cinco dias que vinha sendo cumprida desde a segunda-feira. O pedido está sendo analisado pela 1ª Vara Federal Criminal. Com a exoneração do secretário estadual Niedersberg, que tinha foro privilegiado, o caso deixou de tramitar no Tribunal Regional Federal da 4ª Região e voltou para a 1ª Vara Federal Criminal. A decisão deve ser anunciada à tarde.
Mais depoimentos devem ocorrer nesta sexta-feira na sede da PF.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

EBR vence contrato de R$ 3 bi para construir duas plataformas marítimas em São José do Norte Investimento de R$ 1,2 bilhão deverá representar 4 mil vagas no município próximo a Rio Grande



A empresa Estaleiros do Brasil (EBR) venceu a disputa para construir duas plataformas marítimas de exploração de petróleo, um contrato de US$ 1,4 bilhão (cerca de R$ 3 bilhões), sob encomenda da Petrobras. Divulgado nesta sexta-feira, o anúncio era a peça que faltava para a EBR iniciar a implantação do estaleiro de São José do Norte, na região sul do Estado.
As obras do estaleiro devem começar em fevereiro, com investimentos de R$ 1,2 bilhão. É lá que a EBR construirá as duas plataformas tipo FPSO (unidade flutuante de produççao, armazenamento e transferência), chamadas P-74 e P-76. As gigantes serão utilizadas para prospecção de petróleo no oceano, na área do pré-sal.
A abertura dos envelopes que apontou a EBR como vencedora da concorrência pública ocorreu sexta-feira, mas a assinatura do contrato será em janeiro, após o cumprimento das formalidades legais. O secretário de Desenvolvimento e Promoção do Investimento, Mauro Knijnik, comemorou o resultado, pois significará a concretização do estaleiro, que deve abrir 4 mil empregos diretos:
– Estamos vibrando porque irá alavancar o desenvolvimento da região de São José do Norte.
Um dos maiores em área no país, o estaleiro de São José do Norte reforçará o já consolidado polo naval de Rio Grande. As duas cidades são vizinhas. A previsão é de que as plataformas P-74 e P-76 comecem a ser elaboradas em outubro, com módulos, acoplados a cascos que virão do Rio do Janeiro.
Na terça-feira, a EBR havia assinado contrato com a Superintendência do Porto de Rio Grande para uso temporário de uma área na zona portuária de São José do Norte. Para completar o estaleiro, serão necessários cerca de dois anos. No fim de 2013, a empresa deve estar preparada para começar a atender às encomendas da Petrobras.
O empreendimentoR$ 1,2 bilhão em investimentos
Em fevereiro, devem começar as obras da estrutura 
Montagem de duas plataformas do tipo FPSO (unidade flutuante de armazenamento e transferência), a P-74 e a P-76, avaliadas em US$ 1,4 bilhão (R$ 3 bilhões)
4 mil empregos diretos devem ser criados no pico da atividade
1,5 milhão de metros quadrados de área construída (cerca de três vezes maior do que o estaleiro de Rio Grande)
Ciclo de produção deve se completar em 2014

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Vinda do estaleiro EBR vira o assunto em São José do Norte Estudo entregue ao governo estadual sugere obras e vê oportunidades com empreendimento em município da zona sul gaúcha


Condições do tempo, escalações de futebol e reviravoltas políticas, em geral, dominam as rodas de conversa em paradas de ônibus, filas de banco e mesas de padaria. Em São José do Norte, no sul do Estado, os três assuntos foram substituídos por um só: o Estaleiro Brasil (EBR).
Previsto para ter sua construção iniciada nas primeiras semanas de fevereiro, o investimento bilionário é a principal pauta da cidade. Nesta quarta-feira, foi entregue ao governo estadual o estudo de avaliação de impacto regional do empreendimento. Desenvolvido pela consultoria M. Stortti, o levantamento recomenda a elaboração de um plano de implantação de infraestrutura básica (energia, água e esgoto), incentivo à regularização fundiária e execução de programas de qualificação de mão de obra. Um plano urbanístico e melhorias nos acessos hidroviário e rodoviário também são necessidades, assim como melhorar o transporte coletivo.
Como oportunidades, o estudo aponta que o investimento pode promover uma economia equilibrada, diversificada, moderna e dinâmica em quatro eixos: novas oportunidades econômicas em pesca comercial, no turismo, cultura e indústria criativa, em energia eólica e tecnologias verdes e em resíduo zero e indústria de tecnologias limpas. O levantamento incluiu, além de São José do Norte, oito municípios do entorno.
Na cidade, há cidadãos otimistas, que aguardam a chegada de forasteiros para movimentar um município que quase parou no tempo, e pessimistas, que acreditam não estar prontos para receber o estabelecimento ou que a indústria naval prejudique a pesca, uma das principais atividades econômicas da localidade de 25 mil habitantes.
O pescador Marcelo Lemos aguarda as poucas semanas que ainda impedem a safra do camarão – o crustáceo só pode ser capturado a partir de 1º de fevereiro – e está otimista com a chegada do EBR. Ainda não tem intenção de mudar de ramo, mas avalia que a implantação do empreendimento vai "melhorar 100% a vida dos nortenses".
Mário Antônio Souza Júnior está trabalhando como pedreiro na recuperação de uma residência próxima ao porto. O lugar deverá ser usado para aluguel, tanto comercial quanto residencial. Sua ideia é seguir no ramo da construção civil, mas em outra frente. Pretende fazer cursos e se aperfeiçoar para ingressar na indústria naval:
– Estou ansioso para que eles cheguem. Nós vivemos só da cebola e da pesca. Esse estaleiro vai mudar a nossa vida. Acho que para melhor.
O empreendimento
R$ 1,2 bilhão em investimentos

Em fevereiro, devem começar as obras da estrutura

Montagem de duas plataformas do tipo FPSO (unidade flutuante de armazenamento e transferência), a P-74 e a P-76, avaliadas em US$ 1,4 bilhão ( R$ 3 bilhões)

4 mil empregos diretos devem ser criados no pico da atividade

1,5 milhão de metros quadrados de área construída (cerca de três vezes maior do que o estaleiro de Rio Grande)
Ciclo de produção deve se completar em 2014

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Alemão da Geral diz que teve casa invadida por Zóio Líder da organizada do Grêmio registrou em delegacia de Canoas tentativa de agressão e ameaça de morte



A baderna da inauguração da Arena, em 8 de dezembro, ainda não terminou.
A guerra pelo comando da Geral do Grêmio entre os dois principais nomes da torcida teve mais um capítulo na semana passada, no bairro Rio Branco, em Canoas.
Imagens reveladas por Zero Hora em 27 de dezembro mostravam que o principal responsável pela pancadaria no primeiro jogo do novo estádio gremista era o número 2 da organizada, Cristiano Roballo Brum, o Zóio, 32 anos. Informações de bastidores davam conta de que Zóio estava brigando pelo poder com o fundador da torcida, Rodrigo Marques Rysdyk, o Alemão da Geral, 34. Um torcedor, ex-integrante da Geral, comparou a disputa a uma "luta de classes":
_ A turma do Zóio é o pessoal mais humilde, que depende mesmo do repasse de ingressos para ir aos jogos. O Alemão é dos, digamos, universitários.

sábado, 29 de dezembro de 2012

Zóio descarta disputa de poder em briga na Arena: "Começou com um pisão no pé" veja tbm os videos da inauguração e a briga.



Flagrado pelas câmeras comandando a briga durante a inauguração da Arena do Grêmio, Cristiano Roballo Brum,  32 anos, o Zóio, afirmou nesta sexta que a pancadaria não tem nada a ver com a disputa interna pelo poder na Geral. Em conversa no Estádio Olímpico (o lugar foi marcado por ele), disse que o vídeo mostra apenas parte do que aconteceu. Zóio nega que tenha começado a briga, mas admite que falhou como líder ao não conseguir encerrá-la.
– A minha presença era para ter acabado com a briga. Mas aconteceu o contrário.


Zero Hora - Qual  sua versão sobre o que aconteceu?
Cristiano Roballo Brum, o Zóio
 - Eu não fui o chefe da baderna. Sou o líder da torcida do Grêmio. Houve uma série de incidentes. O principal deles começou com uma mulher pisando no pé da namorada de um torcedor. Ele não gostou e empurrou a mulher, começando a briga. Naquele dia, eu não estava lá como líder de torcida, estava acompanhado pela minha noiva, meu filho e outros parentes. E acabei entrando na briga porque não podia permitir aquilo, até porque a pessoa envolvida é um velho conhecido meu, mas tem um longo histórico de perder o controle quando bebe.

ZH _ Em duas cenas, o senhor aparece atirando um tambor e dando um pontapé no rosto de um torcedor...
Zóio
 _ Não deveria ter agido assim. Mas agi porque não tive o respeito das pessoas que pensava ter. A minha presença era para ter acabado com a briga. Mas aconteceu o contrário.

ZH _ Esta falta de respeito não seria porque a Geral estaria envolvida em uma guerra interna pelo poder?
Zóio
 _ Não tem nada a ver. Fui para a liderança em 2008 porque o Alemão (Rodrigo Marques Rysdyk) estava enfrentando um processo judicial por racismo. Ele voltou para a liderança. Acho que a torcida não respeitou por outros motivos.

ZH _ Como esse episódio repercutiu na sua vida?
Zóio
 _ Eu sei que agi de maneira incorreta. Mas a repercussão na minha vida particular foi horrível. Eu tenho dois filhos e estava no Interior, na casa da minha noiva, quando estourou tudo. Imagina a situação.
ZH _ Essa não foi a primeira vez que o senhor se envolveu em brigas no estádio. O senhor respondeu a inquéritos por agressão. Este passado de violência influenciou no que aconteceu?
Zóio
 _ Realmente já aconteceram outras situações. Em algumas delas, sou inocente.
ZH _ O senhor responde a um processo por tráfico de drogas, correto?
Zóio
 _ Sim, mas não quero falar sobre o assunto porque o processo está em andamento.
 
ZH _ Como o senhor ganha a vida?
Zóio
 _ Temos o negócio próprio da torcida. Vendemos os materiais para ganhar recursos. A minha vida sempre foi o Grêmio.
ZH _ Como foi que entrou para a torcida organizada?
Zóio
 _ Entrei aos 14 anos. Com o meu primeiro emprego, comprei o uniforme (na época, as organizadas eram uniformizadas) e pagava a mensalidade. Logo perdi o emprego, pela dedicação ao time.
ZH _ Hoje o senhor vive do dinheiro que ganha na organizada. Quanto é?
Zóio
 _ Olha, a nossa dedicação é de 24 horas, todos os dias da semana. O que ganho é o suficiente para pagar as duas pensões dos meus filhos e viver uma vida simples. Tenho uma motinho para o meu deslocamento.
ZH _ Como vai ser a sua vida daqui para frente?
Zóio
 _ Eu e o Alemão fomos afastados, para o bem do Grêmio.
ZH  _ E agora, como o senhor vai viver?
Zóio
 _ Nas horas vagas, vou a cursos profissionalizantes e agora vou à luta. É o preço que estou pagando pelo erro que cometi.
ZH _ Valeu a pena dedicar mais da metade da vida à torcida organizada? O senhor foi afastado e responde a inquéritos policiais?
Zóio
 _ Valeu a pena. Infelizmente, neste período não tive nenhum título de expressão. Mas fiz muita coisa pelo bem, ajudei muitas pessoas. Isso me enche de orgulho. Lamentavelmente o que valeu foi o último episódio. O que fiz de bem ninguém lembra. As pessoas só veem o mal.

ZH _ É possível ser líder de torcida sem se envolver em briga?
Zóio
 _ Desde de 2008, qual foi a grande briga que aconteceu? Nenhuma, porque nós não permitimos.
ZH _ Quem assume do teu lugar e o do Alemão?
Zóio
 _ Isso é coisa interna. Logo vocês vão saber.
ZH _ Vocês apoiaram o Paulo Odone nas últimas eleições?
Zóio
 _ Apoiamos o Odone pelo seu trabalho. Está certo que não ganhamos nenhum título. Mas ele não abandonou o clube.
ZH _ Isso tem alguma influência sobre o que aconteceu lá na Arena?
Zóio
 _ Não, aquilo lá começou com um pisão no pé.

Geografia de SJNorte - Veja como e linda nossa Praia do Mar Grosso que infelizmente a mídia televisiva não divulga.

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