Alcançada a marca de 12 anos seguidos frente à presidência da República, o PT se prepara para iniciar uma série de eventos em busca do autoelogio e de uma espécie de autoavaliação de seus atos frente ao Executivo federal. É evidente que um partido ou outra associação de pessoas qualquer têm o direito de comemorar, fazer avaliações e traçar rumos para o futuro — mas sabemos que não é o que está em curso.
Agora depois de tanto benefícios eleitoreiro. quem paga a conta novamente o povo. que cada vez estão miseravelmente sobre-vivendo com a má distribuição assistencialismo
Partido dos Trabalhadores
12 anos no Poder
Durante todo o tempo em que esteve no poder, e até nos últimos três anos nos bastidores, o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva jamais se furtou a fazer comparações levianas entre o seu governo e o do tucano Fernando Henrique Cardoso. O marco dos 12 anos de gestão petista, pelo visto, terá o mesmo teor. Pelo que se lê na imprensa, a ideia de comemoração do PT é nada mais do que demonizar o PSDB e fechar os olhos perante as tristes realidades dos governos Lula e Dilma. Para metaforizar e simplificar como se fosse em um jogo de futebol, do jeito que Lula gosta de fazer: o partido age como um torcedor que anseia a derrota do maior rival e acaba esquecendo da sua própria condição ruim.
Será mesmo?
O senso comum aponta duas grandes realizações do PT nesses últimos doze anos. Seriam elas: a redução da pobreza e o crescimento da economia.
É evidente que houveram avanços exponenciais no combate à pobreza nos tempos de Lula e Dilma. Negar tal afirmação é ir contra os fatos e a lógica dos números. No entanto, sabemos que o Bolsa Família é nada mais do que a união de outros projetos sociais, criados durante os governos Itamar e FHC. Lula possui os créditos de tê-los juntado e ampliado satisfatóriamente o benefício, mas é certo que não o teria feito caso o Plano Real não tivesse sido implementado, como queriam os petistas. É questão de conjuntura, simples e óbvia. Sem estabilização, nada de investimentos.
Outro fato que chama a atenção, é puramente estatístico/metodológico. O teto da pobreza extrema no país é de R$70. Se um indivíduo passa a ganhar R$71, ele está oficialmente fora da linha da pobreza, de acordo com os burocratas petistas que creem na vida com R$280 mensais, enquanto José Dirceu gasta seus últimos dias de liberdade na praia, utilizando uma bermuda importada de R$600. O governo, já se anuncia, concederá um aumento no Bolsa Família para 2,5 milhões de famílias — apenas o suficiente para que elas ultrapassem a linha da pobreza. Atingindo os R$70, eles se dão por satisfeitos! A questão deixa de ser de qualidade de vida, de erradicação da miséria, para se transformar em uma máquina de estatísticas furadas para ganhar eleição. Ademais, não precisamos de estatísticas para constatarmos como ainda existem pessoas na miséria neste país — basta uma breve caminhada pelas nossas cidades.
Quando o assunto é crescimento da economia, o ex-presidente Lula adora utilizar os dados de seu governo para mostrar a sua “vantagem” perante seu antecessor. A verdade, no entanto, é que o governo FHC enfrentou sucessivas crises internacionais, e os índices de crescimento do PIB, quando comparados com os números internacionais, nos dizem muita coisa. A ver: o crescimento mundial durante o governo FHC, foi de 2,75% ao ano, enquanto o do Brasil foi de 2,28%. No período Lula, o crescimento mundial foi de 8,27% ao ano, enquanto o do Brasil foi de 3,55%. Concluímos, portanto, que o país cresceu mais com Lula, mas perdeu na proporcionalidade quando levados em conta os números de todo o mundo. A economia, como sabemos, não funciona de forma individualizada a cada país, mas como um organismo que recrudesce ou desacelera de acordo com um todo.
Corrupção
A marca do governo do PT, para milhões de brasileiros, será a corrupção. Não estou aqui a afirmar que o partido inventou a prática. O fato é que alguns de seus principais membros, que sempre ditaram as regras na sigla — e este é o problema mais grave –, ajudaram a profissionalizá-la. José Dirceu, José Genoíno, Delúbio Soares e João Paulo Cunha são petistas graúdos, que viram suas biografias manchadas pela corrupção, após comprovada a existência do Mensalão pelo Supremo Tribunal Federal. Neste momento, inclusive, o Ministério Público de Minas Gerais apura denúncias que podem levar o ex-presidente ao banco dos reus.
Lula, em um momento inicial, chegou a pedir desculpas pelo maior esquema de corrupção da história do país, que ocorreu no seio de seu partido e do governo — uma mistura, aliás, incestuosa. Mais tarde, chegou a dizer que, ao sair do poder, trataria de “desvendar a farsa do Mensalão”. E não adianta culpar a imprensa pela contradição em suas palavras, pois está tudo documentado. José Dirceu, certa vez nomeado chefe da Casa Civil, certa vez nomeado chefe da quadrilha, foi além. Para ficar apenas em uma nauseante declaração: “Estou cada vez mais convencido da minha inocência”. Certamente, no lugar em que ele passará alguns de seus próximos anos de vida, existem muitos outros com a mesma ideia espúria e cínica na cabeça.
Mas o Mensalão foi só um dos episódios que comprovam essa profissionalização da corrupção e do envolvimento da cúpula do partido e de seus aliados alugados no assalto aos cofres públicos. É importante também citar a queda de quase uma dezena de ministros no início do governo Dilma, todos com fortes suspeitas de desvio de recursos públicos nas costas. O marqueteiro oficial de Dilma tentou colar em sua imagem a ideia de gestora que não suporta a corrupção, o que é obviamente uma ilusão. A presidente foi a responsável direta por todas as nomeações. O chamado “presidencialismo de coalisão”, no governo do PT, se transformou em uma feira de chantagens e troca de vantagens. Agora, no caminho difícil rumo à reeleição, sabemos que Dilma volta a receber aqueles que outrora foram rejeitados pela sua ilusória “faxina”.